quinta-feira, 11 de setembro de 2014
O que me serve de cama
O grande poeta Edu Planchêz
que nada tem de grande,
aterriza sem asas e motores
nos panos, no colchonete,
na sala do apartamento
da mãe de seu filho
com o mínimo do mínimo vintém,
sem um amor para comê-lo,
sem nenhum show fechado em sua agenda
A poesia nada vale
na hora de buscar no mercado o pão
e o melado, a cabeça de alho,
as mãos de bananas
E são tantos os aplausos e os elogios,
os que dizem
que daqui duzentos anos meus poemas serão lidos e aclamados
como são os poemas de Rimbaud,
mas isso não quita a conta
da luz,
nem a da internet,
não me permite embarcar
agora para Estambú
numa dessas naves
repletas de quitutes
e belas moças
Quisera ser Saramago,
ou até mesmo o ex-político
que em Copacabana é dono
de um luxuoso hotel
Mas tudo mal, mas tudo bem,
o meu amigo cavalo-marinho...
e a fêmea fantasma
de cabelos louros,
no meu imaginar tolo,
habitam o que me serve de cama
( edu planchêz )
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