LEVANTAR-SE SÓ
sábado, 13 de setembro de 2014
Arqueiros do lance perfeito
Minha fé, meu medo,
minha coragem,
enxergam lobos sentinelas
em todas as ruas,
em todas as vielas,
nos chafarizes e nos bueiros
do Mago Rio de Janeiro;
por carma, por encantamento,
por razões...
que a própria razão...
desconhece(conhece),
por amar demais
a subida e a queda
Minha aventura humana,
esbarra num eixo,
num intervalo,
já por mim experimentado antes,
armado com a mesma flor de lótus,
com o mesmo arpão
que fora usado
para espetar
no céu meu, um espelho
construtor de estrelas,
depurador de vidas,
arquiteto de novas rosas,
espelho esse que sou,
espelho esse que és
Lobos-espelhos,
caminham nas linhas d'ouras,
e são nossos pés,
mãos, cabeças...
pendidos na pós cheia lua
de setembro
Os três mil...
canais de boa sorte,
atados estão ao fio de prata
de nossa comunhão
Eu lhe dou a mão,
você me dá a mão,
para sairmos do buraco,
você me tem, eu te tenho,
me puxa que eu te puxo;
o fundo da terra,
foi feito para as raizes
das árvores,
não para nós,
aliados da igualdade,
arqueiros do lance perfeito,
alquimistas plantados
na suave lama
da absoluta fertilidade
( edu planchêz )
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
O que me serve de cama
O grande poeta Edu Planchêz
que nada tem de grande,
aterriza sem asas e motores
nos panos, no colchonete,
na sala do apartamento
da mãe de seu filho
com o mínimo do mínimo vintém,
sem um amor para comê-lo,
sem nenhum show fechado em sua agenda
A poesia nada vale
na hora de buscar no mercado o pão
e o melado, a cabeça de alho,
as mãos de bananas
E são tantos os aplausos e os elogios,
os que dizem
que daqui duzentos anos meus poemas serão lidos e aclamados
como são os poemas de Rimbaud,
mas isso não quita a conta
da luz,
nem a da internet,
não me permite embarcar
agora para Estambú
numa dessas naves
repletas de quitutes
e belas moças
Quisera ser Saramago,
ou até mesmo o ex-político
que em Copacabana é dono
de um luxuoso hotel
Mas tudo mal, mas tudo bem,
o meu amigo cavalo-marinho...
e a fêmea fantasma
de cabelos louros,
no meu imaginar tolo,
habitam o que me serve de cama
( edu planchêz )
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
Não mais que uma pétala
Creio estar na China,
ser o mapa e o território da China
(e os limites impostos pelo momento)
Réstias de estrelas esquecidas,
lágrimas trancafiadas,
sentimentos fios de arame,
galhos de roseiras
apinhados de espinhos iluminados
circundam meu ser rastejante,
o homem ofídio move-se,
crava nas horas presas e escamas,
no núcleo da flor,
a irmã flauta o encanta
Os não limites trafegam
dentro das folhas minhas,
do outro lado dessa fictícia porta,
há um pasto repleto de colares,
de guirlandas de cores, de pétalas,
sou uma pétala,
não mais que uma pétala
( edu planchêz )
domingo, 7 de setembro de 2014
Os verdadeiros
Os verdadeiros derrotados não somos nós,
os loucos, os devassos, progressivos,
disso tenho orgulho
A Gema de tudo que é luz,
que é sagrado, verdadeiro,
pode ficar esmagado, enterrado,
preso por milênios no fundo da terra,
das grades, das trevas, mas...dia menos dia..
se agiganta e irrompe todas as fronteiras
e pula nas retinas
de todos os olhos,
e os que nada foram ou serão,
terão o esquecimento e a vergonha
como cetro e coroa
( edu planchêz )
sábado, 6 de setembro de 2014
Saboroso orgasmo
O Cazuza que mora em mim
e em você, manda te dizer:
"quero a sorte de amor tranquilo com sabor de fruta mordida",
sei que as palavras do exagerado bardo ecoarão pelas centelhas,
e pelas centelhas subo,
já que as centelhas...
são teu revolto cabelo
Meu coração de quase nada brilha quando sinto tua presença,
és um cristal rosa partido
sob os bosques queridos
de meu peito ardente
de orgânicas flores,
ardente de carameladas noites,
de taças transbordantes,
de lendas e histórias
que nem mesmo Sherazade no ápice
do mais saboroso orgasmo...
seria capaz de imaginar
( edu planchêz )
sábado, 30 de agosto de 2014
MEU MENTOR
Meu mentor não é e é qualquer cor
Ví Eriberto Leao dizer na pele de Jim Morrison
ser o guia dos labirintos,
meu mentor Mauricio Salles de Vasconcelos fez-se apache tupy nagô tuaregue
há três décadas atrás ele pós na Morgana vitrola o elo, o circulo, o disco de Jim...
o Rei Lagarto de nossa aliança trançada
em nossas coronárias de puro aço elétrico
E não precisamos mais guardar a erva depressa, já que os corações que nos lambem são para o sempre desimpedidos
Eriberto Leão Ator,
Mauricio Salles de Vasconcelos Cassiel hoje professor poeta na Usp
e toda a falange de Anjos liderada por Breton
e Mallarmé, Hendrix e Zappa, Nijinsky
e Eugênuo de Andrade, e...
lavaram para o eterno minha ingenuidade
numa tarde, numa noite, numa rua Santa Cristina, numa Santa Teresa berço
dos cinemas, de Manu Chao e Amy House...
O cinema da iniciação é simples,
feito de nacos de carvão e pêlos de lobo,
cuias de água, perfumes,
taças do sangue de Rimbaud
e sucos e vinhos e uvas...
Quem não viveu que viva e continue a viver
( edu planchêz )
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
Nove na segunda posição significa:
Suportar gentilmente os incultos, atravessar o rio com decisão, não negligenciar o longínquo, não privilegiar os companheiros. Assim se poderá trilhar o caminho do meio. | |
Em épocas de prosperidade é acima de tudo importante possuir a grandeza interior que permite suportar pessoas imperfeitas. Nas mãos de um grande mestre nenhum material é improdutivo, para tudo ele encontra utilidade. Porém essa generosidade não deve ser confundida de modo algum com negligência ou fraqueza. É justamente em épocas de prosperidade que se deve estar sempre pronto para arriscar até empreendimentos perigosos, como a travessia de um rio, se for necessário. Do mesmo modo não se deve neglicenciar o que está distante, mas atender, escrupulosamente, a tudo. Deve-se evitar, em especial, cair em partidarismos ou sob o domínio de facções. Mesmo quando homens que pensam de maneira semelhante chegam, juntos, a uma certa proeminência, não devem por isso formar facção, mas cada qual deve cumprir o seu dever. São esses quatro fatores que permitem superar o perigo de um gradual relaxamento, ameaça que se oculta em todo período de paz. Deste modo se encontra o caminho do meio para a ação. |
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
Aos navegantes
Aos navegantes de hoje
e de ontem,
ofereço a longa temporada
desse ato, dessa trova,
do jogo de dados,
do carteado...
pelas as maravilhas
vindas do solene cio da romã,
da máquina andrógena
que veste meus pés
Na mente dos que vivera em Roma
antes de Roma ser Roma,
durante o reinado do bardo Virgílio de todos os nomes,
cabe o que ainda não escrevi
E que ainda não escrevi,
pode estar sendo escrito agora, por um outro alguém
no extremo passado,
no longínquo, no além
( edu planchêz )
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Solução de água e nanquim
Pedra,
no dia de hoje sou um homem
de pedra, estátua de bronze,
João Caetano na eternidade
que cobre a praça Tiradentes... incorporando para sempre...
um centurião romano, um pajé, Araribóia atirando flechas
para todos os pontos cardeais
da cidade perfumada
pelas polacas francesas
A louca Lapa,
o lindo navio arrastado
pelas fumaças da planta,
pelas movimentos da boca,
pelos degraus decorados
pelo mago Selarón
No décimo sétimo andar
da rua da Imperatriz,
eu, o Imperador das trovoadas, fertilizo meus neurônios, fertilizo teus neurônios,
teu largo ventre,
o rasgo que há entre os edifícios
que me permitem ver um fragmento da baia da Guanabara
Só o mastro do poema
para arrancar de mim a angustia,
o gosto desgastado dos dentes,
o chorume de todos esses quartéis
E o que não é história,
continuará não sendo história,
e o que é visagem,
continuará permitindo...
que as vidas se encontrem
longe e perto das passarelas
E o medo que tenho,
e o medo que não tenho,
e a solução de água e nanquim
se espalha no clarão do céu
dos subterrâneos que carrego
( edu planchêz )
terça-feira, 19 de agosto de 2014
A MATEMÁTICA
A matemática flutua no que penso
sobre números e cores,
sobre ornamentos
de flores de carne,
de flores de pura lama
Ao arcar meu corpo em direção
ao corpo que me deseja,
ao corpo que desejo,
e vosféro que o desejo é número,
figuras armadas com as almas
do fogo, com as cabeças da água
E o tudo cabe no fundo vazio
do fundo que sou,
do fundo que és
Meu poema mais que sujo,
mais que limpo
rola nas casas dos que dormem
e dos que nunca dormem
entre gatos, crianças,
cães, pássaros
e sonhados pães recheados
de cenas, de sons e sabores
Hoje estou na taça da história,
no templo das frutas
formadas pelas estrelas
paridas por cada vivente
(que cá está, que cá esteve),
por cada passo que dei
em direção ao mundo das rosas,
ao mundo da criatividade
das muitas mortes e nascimentos
presentes na matemática
de minha pequena grande vida
( edu planchêz )
sábado, 16 de agosto de 2014
Linguagem costurada
linguagem costurada
com agulhas de fumaça
nas costuras da roupa
na crosta do planeta
pintamos com os argumentos
que o frio usa
( para nos embrenhar
nas mantas de lã)
uma tela tingida por pinheiros,
pintassílgos, cêra de abelhas,
castanhas e chocolate quente
a amarela luz de netuno,
trafega pela vidraça,
fertiliza a sala,
afaga nossas cabeças
( edu planchêz )
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
Uma jarra de ouro
A minha cara é uma nota
de mil dólares,
a minha cara é uma nota,
um planeta de moedas,
uma jarra de ouro
Represento o que mais cresce,
o que se estende no tempo percorrido por meu corpo
e o teu corpo no corpo das ruas
Tudo ou quase tudo
que quis ser é ser poeta,
a porta e a voz
que abre e fecha a porta
que não é porta,
mas pode ser uma ave,
um navio, um monte de folhas
Nascer e subir nos fios,
nas estações,
nos trens e nos bondes,
no que vem do futuro,
no que urge do extremo passado
Se possuía alguma idade...
até então...até...
hoje que não é mais hoje...
procure as respostas
nas escamas que procuram luz
na minha luz...
A cor laranja, a flor laranja,
os frutos que são minhas mãos,
que foram meus pés achados
e perdidos em Meu Pedacinho
de Chão das muitas artes
pensadas e não pensadas
Da onde sai isso tudo?
Da terra plana,
do céu cortado pelo olho
do menino que nunca viu o mar,
mas já esteve em Marte,
com a sorte das estrelas
que sempre me permitem
ver e rever os tesouros
raiados da imaginação
( edu planchêz )
sábado, 9 de agosto de 2014
Poema Cinema
A cachorra Baleia corre
nesse agora
por essas linhas, por essa pauta,
na clave de sol, pelos hemisférios
Cachorra Baleia?
Cachorra Baleia sertaneja
diluída célula por célula
pelas páginas dos fissurados
por pontes e corredeiras,
livros, teias abissais,
lentes, lábios, telas,
iluminessências,
alturas intocadas,
vazantes extremas,
"tesouros transparentes"
Chama a Sarah de Nova Deli
com seus trovões
e suas estrelas centauras
porque Talles Machado Horta sem porquês
flechou a maçã que esteve no tuneo branco
esculpido pelas andorinhas que viram Borges
escalar os degraus da torre do fim
Na outra ponta da corda,
na outra ponta do pavio,
na outra ponta das lanças espartanas
E o poema cinema se atraca
no arrebentar das letras,
na placenta calcária da maré
( edu planchêz )
por essas linhas, por essa pauta,
na clave de sol, pelos hemisférios
Cachorra Baleia?
Cachorra Baleia sertaneja
diluída célula por célula
pelas páginas dos fissurados
por pontes e corredeiras,
livros, teias abissais,
lentes, lábios, telas,
iluminessências,
alturas intocadas,
vazantes extremas,
"tesouros transparentes"
Chama a Sarah de Nova Deli
com seus trovões
e suas estrelas centauras
porque Talles Machado Horta sem porquês
flechou a maçã que esteve no tuneo branco
esculpido pelas andorinhas que viram Borges
escalar os degraus da torre do fim
Na outra ponta da corda,
na outra ponta do pavio,
na outra ponta das lanças espartanas
E o poema cinema se atraca
no arrebentar das letras,
na placenta calcária da maré
( edu planchêz )
terça-feira, 29 de julho de 2014
Cratéra muito antiga
Falha na pedra,
cratéra muito antiga,
corredeira junto a restinga,
beira de areia,
coleção de praias
Minha terça-feira, se inicia caminhando sobre a língua
que nos leva a outra margem,
sobre os seios da deusa lua,
nas calibragens das horas
Melodias me partem
em Praças Secas,
Jacarepaguás e Madureiras;
praças Tiradentes,
rua do Riachuelo, Senado,
avenida Rio Branco, rua da Lapa...
E vou acordando, dormindo,
movendo o alvorecer,
o que as manhãs do Rio de Janeiro
despejam em nossos olhos
nada fixos
( edu planchêz )
sábado, 26 de julho de 2014
FIDELIDADE
Luiza e Luiza
Edu e Edu
Luiza e Edu
Edu e o Mundo
Luiza e o Mundo
Assim que tem que ser,
nem uma virgula...
a acrescentar, desse jeito,
as vidas caminham,
os seres se encontram,
para o conforto,
para o carnaval
A maior idade é alcançada,
não mais relâmpagos,
não mais patologias emocionais
O homem e a mulher,
a mulher, o homem
A soma, o multiplicar,
o dividir
Luiza e Luiza
Edu e Edu
Luiza e Edu
Edu e o Mundo
Luiza e o Mundo
A fidelidade pela fidelidade,
a entrega pela entrega,
nada a perguntar,
absoluta confiança
diante de todos os riscos, assim reza a poesia
que eu e ela rabiscamos
um no outro, nos outros
( edu planchêz )
segunda-feira, 21 de julho de 2014
Me queira vestido de dálias e hortências
Sempre estou cheio de tesão amor
Já q não tenho a fêmea amada,
esporro nas palavras, com as palavras
Se ficar calmo, não gesto esses poemas...
minhas punhetas se vertem em criação
Gostaria que aqui estivesse
Gostaria de olhar para você
Você para mim é a Deusa do Lago,
a que entregou Escalibur para Arthur
Fadinha,
preciso dormir do teu lado
( estou flágil )
um homem menininho
Me queira vestido de dálias e hortências,
menino por querer teu peito
O querer é Elis e Tom
Bates em peitos que não te compreende,
bata em meu peito e se verá nua,
completa, liberta das vozes asperas
( edu planchêz )
Caravelas e sêmem
rios
de fino leite nos tocam o rosto
e a pele do ventre,
e a pele do ventre,
escorrem pelos canteiros,
pelo peito, chegam aos pés,
pelo peito, chegam aos pés,
ao chão, aos cantos esmeraldas de Orfeu Negro
Aos cantos esmeraldas de Orfeu Negro
despejo o montante de corpos celestes
que colho com a ponta do meu olho de Osíris
Tenho a cabeça coberta com a mitra branca,
os braços espalmados sobre as nebulosas,
sobre as canções de exilio,
sobre você entre o sono e o estar acordada
O sol e a seca, o rio Nilo é o rei,
você, a rainha peixe vermelho dourado,
a certeira lança que rasga a água,
a minha água, a água dos rios submersos
nos pulmões do mar Egeu,
em tuas maõs cobertas de caravelas e sêmem
( edu planchêz )
Aos cantos esmeraldas de Orfeu Negro
despejo o montante de corpos celestes
que colho com a ponta do meu olho de Osíris
Tenho a cabeça coberta com a mitra branca,
os braços espalmados sobre as nebulosas,
sobre as canções de exilio,
sobre você entre o sono e o estar acordada
O sol e a seca, o rio Nilo é o rei,
você, a rainha peixe vermelho dourado,
a certeira lança que rasga a água,
a minha água, a água dos rios submersos
nos pulmões do mar Egeu,
em tuas maõs cobertas de caravelas e sêmem
( edu planchêz )
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Nas veias cheias de sangue
O Alto falante da lua crua de Goiania vaginal,
emerge no gelo quente trazido por Artaud
das colunas de areia que sustentam o mundo dos mundos
Criaturas nascidas nas roseas
flores do pessegueiro,
formam com seus corpos
de gracê de chocolate e tâmaras
uma montanha do tamanho sem tamanho,
que vai do céu dos quadrinhos a terra
das andorinhas
Morfeu põe sua coroa em minha cabeça
e na cabeça de Akira,
para que o vento da meia nos leve
para o abissal reino
regido pela canção
construída com os gravetos
levados pelas indomáveis correntes
O novo dormita dentro dos ossos,
nas veias cheias de sangue
( edu planchêz )
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