quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Solução de água e nanquim




Pedra, 
no dia de hoje sou um homem 
de pedra, estátua de bronze, 
João Caetano na eternidade 
que cobre a praça Tiradentes... incorporando para sempre...
um centurião romano, um pajé, Araribóia atirando flechas 
para todos os pontos cardeais 
da cidade perfumada 
pelas polacas francesas 

A louca Lapa, 
o lindo navio arrastado 
pelas fumaças da planta, 
pelas movimentos da boca, 
pelos degraus decorados 
pelo mago Selarón

No décimo sétimo andar 
da rua da Imperatriz, 
eu, o Imperador das trovoadas, fertilizo meus neurônios, fertilizo teus neurônios, 
teu largo ventre, 
o rasgo que há entre os edifícios 
que me permitem ver um fragmento da baia da Guanabara 

Só o mastro do poema 
para arrancar de mim a angustia, 
o gosto desgastado dos dentes, 
o chorume de todos esses quartéis

E o que não é história, 
continuará não sendo história,
e o que é visagem, 
continuará permitindo...
que as vidas se encontrem 
longe e perto das passarelas

E o medo que tenho, 
e o medo que não tenho, 
e a solução de água e nanquim
se espalha no clarão do céu 
dos subterrâneos que carrego

   ( edu planchêz )


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